terça-feira, 17 de março de 2009

Especial Bares




Revista Arquitetura + Promoção


Empreendedores buscam criar ambientes de convivência diferenciados, agradáveis e econômicos.

Cada vez mais, arquitetos, construtores e decoradores estão utilizando o emprego de materiais reaproveitáveis como alternativa consciente, elegante e econômica para a criação de ambientes.

Atualmente, a busca pela sustentabilidade aparece com freqüência em projetos arquitetônicos que visam atingir objetivos promocionais como bares, restaurantes e casas noturnas. Os arquitetos também estão buscando conhecer melhor os materiais oferecidos pelo mercado, para melhor viabilizar as opções para os seus projetos. Muitas vezes, a saída mais interessante é a mais simples. “Menos é mais, na maioria das vezes”, sintetiza o arquiteto Sérgio Carramate. Muitos materiais que antes eram desperdiçados, passaram a ser vistos como “materiais artísticos”, como dizia o engenheiro Moacyr Archanjo, criador do Velhão, um complexo que hoje abriga bares, restaurantes e outros serviços, que é um exemplo interessante do emprego criativo da arquitetura sustentável.

Ao chegar no Velhão pela Estrada de Santa Inês, vê-se uma construção com prédios de tijolos à vista. A entrada do pátio central, que dá acesso aos diversos estabelecimentos, tem o chão constituído de paralelepípedos reutilizados. A arquitetura do local é toda baseada em materiais reaproveitáveis, conseguidos em demolições de casarões e prédios antigos. No Velhão, o responsável pelo garimpo de materiais é Edvaldo Barbosa de Souza. Segundo ele, a madeira e o aço provêm de construções que têm de 50 a 100 anos. “Quanto mais antiga é a peça, mais ela vale”, explica o garimpeiro.

A arquitetura do local transmite o estado puro dos materiais antigos, em que a alvenaria à mostra é mesclada com colunas de gesso, madeiras rústicas, vitrais e aço, com os mais variados desenhos.

Segundo Ubiratã Archanjo, um dos donos do local, o Velhão possui marcenaria e serralheria própria, que são procuradas por arquitetos, construtores e reformadores de diversos lugares de São Paulo.

O conjunto arquitetônico, construído no coração da Serra da Cantareira na década de 80, era apenas um barracão quando o engenheiro Moacyr Archanjo dos Santos começou a sua empreitada. Hoje, o Velhão conta com um boulevard com diversas lojas, e oferece serviços como choperia, sinuca, café, restaurante, pizzaria, massagens e ofurô. O Velhão é procurado por pessoas que buscam um espaço aconchegante para lazer e entretenimento.

O charme arquitetônico do local aguça a curiosidade dos clientes, que ficam encantados com todos os detalhes dos ambientes. A criatividade compositivados prédios do Velhão beira ao inusitado. Lá se pode encontrar, por exemplo, uma janela com o formato de piano, uma mesa feita de correntes soldadas e um pórtico com colunas gregas, que não têm finalidade de sustentação, realizando uma função apenas decorativa. Segundo Selene Gonçalves, produtora do Velhão, a originalidade da construção é a própria publicidade do lugar, que também é bastante procurado para promoção de eventos, filmagens, comerciais, e ensaios fotográficos; não é preciso fazer promoção do estabelecimento, pois o lugar já é bastante badalado pela mídia e por personalidades do mundo artístico.

O complexo também é um bom lugar para arquitetos, decoradores e amantes de artigos antigos, como móveis e objetos de decoração. Segundo Mila Misson, responsável pelo antiquário, “tudo no Velhão está à venda, desde as portas e janelas dos estabelecimentos, até os móveis e objetos decorativos”.

Localizado em Moema, o restaurante Villa Alvear possui um cardápio tipicamente argentino e atrai clientes que apreciam a combinação de um ambiente aconchegante, com boa música e comida diferenciada.

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O recanto porteño, forrado com madeiras escuras e com colunas de tijolos vermelhos, possui um salão com mesas redondas, postes de luz e candelabros, que transmitem ao ambiente um charme especial, fazendo recordar os antigos castelos europeus. Para os amantes da música, o Villa Alvear tem um mezanino com um piano de cauda onde toca o pianista da casa, ao lado do clube do whisky e da charutaria. O lugar ainda conta com uma varanda bem arejada e uma adega no subsolo, onde são guardados mais de 500 rótulos diferentes de vinho. Para o arquiteto Sérgio Carramate, responsável pela criação do restaurante, o objetivo do projeto foi de “despertar a curiosidade daqueles que passam pelo empreendimento, fazendo um local confortável e charmoso, onde as pessoas possam conviver por horas”. Para Sérgio, “a arquitetura é fundamental para tornar o local um novo point para se divertir, falar de negócios, ouvir uma boa musica, beber e comer bem”.

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A concepção do projeto arquitetônico buscou dar aconchego ao espaço de convivência, misturando o moderno com o rústico de forma equilibrada. O local deveria ser humano e acolhedor. “Gostaria de me sentir em casa, relaxado e zen”, explica Sérgio Carramate, que já foi responsável pela criação de diversos restaurantes, boates, bares, padarias, pizzarias, dentre outros estabelecimentos.

Na construção do Villa Alvear foram utilizados vários materiais provenientes de demolições, como tijolos, madeiras, portas e janelas. Na opinião de Sérgio, os tijolos reutilizados, além de ser um material barato, também servem para decorar o interior da casa. “Por ser artesanal, torna o ambiente mais acolhedor e humano, e também é um bom isolante térmico”, explica o arquiteto. Outros materiais recuperados também foram empregados na arquitetura do restaurante, dentre eles, tábuas de assoalhos antigos, placas de OSB recicladas, e um mobiliário usado. O emprego da madeira reciclada no piso, portas e janelas, além de representar custo baixo à obra, é uma alternativa ecologicamente correta e contribui com a acústica do espaço.

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A preocupação com todos os detalhes do projeto arquitetônico deve atender a três elementos primordiais: “alma, funcionalidade e tendência”.

Para a criação do projeto Villa Alvear, o antigo prédio precisou sofrer uma série de readaptações. Foram derrubadas todas as paredes internas, sendo aproveitadas apenas as estruturas antigas e o telhado. A fachada do estabelecimento foi recriada por inteiro para atender à proposta de uma vila argentina. Os postes de iluminação de ferro fundido, que decoram o interior do ambiente também foram recuperados de uma construção antiga. Os tampos das mesas foram feitos com placas de OSB recicladas. O aço oxidado, cimento queimado, e ladrilho hidráulico, foram outros materiais de baixo custo empregados no conceito do restaurante. “A busca constante de materiais baratos, e ecologicamente corretos, fazem a diferença no meu trabalho”, conta Sérgio. “O garimpo de móveis e objetos usados pode complementar o conceito arquitetônico dos ambientes”, explica o arquiteto. O casarão da rua Bela Cintra, construído no início do século XX sob influência da arquitetura européia, chama a atenção pela sua fachada iluminada pelo néon cor-de-rosa. O sobrado branco é contrastado pelo portão, grades e detalhes vermelhos. A frente do prédio, com grandes janelas de madeira, faz lembrar o nascimento da metrópole paulistana.

A readaptação do antigo casarão, para a criação do bar e casa noturna Geni Club, foi bastante rápida. A reforma foi dirigida pelo italiano Maurizio Longobardi e pela francesa Sophie Fakhouri. Antes de idealizar o Geni, a dupla produziu projetos na Vila Madalena como o Brancaleone, Grazie a Dio! e o Bop Bistrô Eletrônico. A estrutura inicial da casa foi respeitada e reabilitada, precisando ser refeito todo o acabamento com relação à massa das paredes, pintura, madeira e iluminação. Depois da reforma básica, foram convidados diretores de arte e artistas para cuidar da decoração das salas do primeiro andar.

Segundo a diretora de arte e cenógrafa Sophie Fakhouri, “a casa teria que ser aconchegante, com vários ambientes e alguns cantos separados”. A decoradora conta que a simplicidade caminha junto com a elegância, mas não se pode descartar algumas tendências, assim como não é preciso temer a mistura de elementos diferenciados, basta empregá-los de forma coerente.

O interior da casa transmite a atmosfera de um cabaré, como havia no início do século passado. As paredes foram pintadas da cor “berinjela” escuro, que tem a particularidade de aceitar todas as cores. A composição de uma das paredes do térreo da casa teve uma decoração em formato panorâmico, em que foi feita uma colagem de vinil em aço escovado prata e espelho dourado. Em outras salas foram empregados stickers de estrelas em espelho e uma montagem com pássaros e formas abstratas.

Os móveis de várias épocas foram garimpados em lojas de antiguidades da cidade. Foram criados sofás de bistrôs parisienses e cortinas teatrais de veludo escuro para enfeitar o palco do salão térreo, onde ocorrem os shows noturnos. Algumas luminárias foram trazidas de Paris por Sophie, e para completar a iluminação do piso inferior foi desenhada uma luminária em formato da torre Eiffel. Para Sophie, a preocupação com todos os detalhes do projeto arquitetônico deve atender a três elementos primordiais: “alma, funcionalidade e tendência”.

Segundo Sophie, é possível fazer um projeto de um bar, restaurante, ou casa noturna economizando e exercendo a consciência ecológica. No projeto do Geni não foram utilizados espécies de madeiras em extinção como a peroba, o jacarandá e a imbuia. A decoradora afirma que há alternativas de materiais ecologicamente corretos, como o MDF. “É um pouco limitado em termo de tonalidades de cores, mas a gente sempre adapta com acabamentos de verniz ou tinta para chegar ao efeito desejado”, comenta Sophie. A diretora de arte eliminou de todos seus projetos as madeiras não ecológicas. “Não virei ativista, mas não participar do desmatamento da Amazônia e não usar madeira ilegal é o mínimo”, explica. Sophie conta que já pintou um balcão e uma estante de quatro metros para imitar o “jacarandá” e não precisar usá-lo de fato.

Também é possível economizar no projeto de luz, pesquisando lâmpadas e novos produtos que não desperdiçam energia. Para a decoradora, um bom projeto exige pesquisa e utilização de materiais alternativos e bem selecionados. “Vale a pena procurar e pesquisar pisos, e não escolher a facilidade ou só o funcional, como cerâmicas frias e banais”.

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